sábado, 4 de abril de 2009

Prólogo

Ele caminhou a passos lentos em direção à ela, sentada no murinho de tijolos ao redor da bela fonte. Seus cabelos esvoaçavam com a leve brisa a garota mantinha os pés dentro d'água, de costas para ele que chegara sorrateiramente e então cobriu seus olhos com as mãos alvas.

- Eu sei que é você, Pietro! - ela riu, tentando afastar as mãos geladas dele.

- Ok, não tem mais graça... - ele suspirou, soltando-a e sentando-se ao seu lado, colocando os pés na água também. Ela agitava os pés, fazendo com que a água espirrasse um pouco, aparentemente divertindo-se com aquilo. Pietro observou atentamente seu sorriso inocente e perdeu-se por uns instantes. Adorava aquela sensação, de tê-la ao seu lado...

- Pietro, para de me olhar assim... Sabe que fico sem jeito! - soltou então um sorrisinho tímido e suas bochechas ficaram ligeiramente vermelhas.

- Ah, senhorita Sophia, deixe de frescura e me dê logo um beijo. - ele disse sorrindo e aproximando-se dela.

- Aqui não, senhor Pietro... Mamãe pode nos ver da janela! - disse e levantou-se, correndo pelo enorme jardim da mansão.

Ele a seguiu e os dois correram sob o céu vívido com nuvens que pareciam algodão; sobre a grama ainda úmida depois da garoa da noite anterior. Correram tanto quanto suas pernas conseguiram e largaram-se então na grama macia, ofegantes, porém com o mesmo sorriso de antes. Ficaram deitados, em silêncio por alguns minutos, observando o céu e deixando seus pensamentos fluírem enquanto a imaginação definia curiosas formas nas nuvens que pareciam mais próximas do que nunca.

- O que você está vendo? - Sophia perguntou, curiosa.

- Um navio... Bem ali! - ele apontou.

- Hmmm... Tem um coelhinho ali do lado! E uma tartaruga embaixo!

Pietro a encarou, observando seus olhos verdes, que mesmo sendo da mesma cor dos seus traziam algo diferente que ele não sabia definir. Ela o observou de soslaio e suspirou. - Você tá fazendo de novo...

- Fazendo o que?

- Me olhando desse jeito... Sabe que eu fico tím... - foi interrompida pelo doce e rápido beijo do outro e sentiu as bochechas queimarem definitivamente. Ficou em silêncio, perdida em seus pensamentos enquanto Pietro apenas observava as nuvens novamente, com um sorriso de vitória no canto dos lábios. - Acho que Deus realmente errou quando decidiu que seríamos irmãos gêmeos...

- Eu acho que ele acertou em cheio!

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Fonte de inspiração: Desejo e Reparação (filme)
Apenas o prólogo de um novo conto.
"Se não há lugar, então não há limites para minha imaginação."